EUA enviam seu maior porta-aviões nuclear para combater narcotráfico na América Latina em operação inédita



USS Gerald R. Ford e seu grupo de ataque
foto: Marinha dos EUA


Em uma movimentação militar sem precedentes na região, os Estados Unidos enviaram o porta-aviões USS Gerald R. Ford e sua frota de apoio para atuar no combate ao narcotráfico na América Latina. O anúncio, feito nesta sexta-feira (24), pelo Pentágono, marca o primeiro deslocamento de uma força naval dessa magnitude com o objetivo declarado de enfrentar o “narcoterrorismo” no hemisfério sul.

Porta-aviões de última geração e campanha militar no Caribe

Segundo o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, a operação ocorre “em apoio à diretriz presidencial para desmantelar Organizações Criminosas Transnacionais e combater o narcoterrorismo em defesa da Pátria”. O grupo de ataque liderado pelo USS Gerald R. Ford, considerado o navio de guerra mais avançado do mundo, conta com três contratorpedeiros (USS Mahan, USS Bainbridge e USS Winston Churchill), esquadrões de caças F-18, helicópteros MH-60 e mísseis de curto e médio alcance.

A embarcação principal possui 337 metros de comprimento, dois reatores nucleares 4.500 tripulantes e pode atingir velocidade de até 55 km/h, transportando 75 aeronaves em um convés de 78 metros de largura. Construído entre 2009 e 2017 ao custo de US$ 13 bilhões, o porta-aviões homenageia o ex-presidente Gerald R. Ford e integra agora o Comando Sul dos EUA (USSOUTHCOM), responsável pelas operações militares no continente.

De acordo com o governo norte-americano, o envio da frota visa “reforçar a capacidade de detectar, monitorar e desmantelar atividades ilícitas que ameacem a segurança dos Estados Unidos e de seus aliados na região”.


Ataques letais e aumento das tensões diplomáticas

Desde o início da campanha em 2 de setembro, os Estados Unidos realizaram dez ataques contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas, resultando em 43 mortes no Caribe e no Pacífico. O secretário de Guerra, Pete Hegseth, afirmou que o mais recente ataque, ocorrido na noite de quinta-feira (23), destruiu uma lancha ligada ao cartel Tren de Aragua, grupo de origem venezuelana.

Hegseth comparou a atuação contra os “narcoterroristas” à guerra travada contra a Al Qaeda, de Osama bin Laden. “Eles serão tratados com a mesma firmeza”, declarou em publicação na rede X, acompanhada de um vídeo que mostra o momento em que uma embarcação explode após ser atingida por mísseis norte-americanos.

A operação, no entanto, gerou reações internacionais. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acusou os EUA de cometerem “execuções extrajudiciais” em águas internacionais e criticou o presidente Donald Trump, com quem mantém uma relação diplomática tensa.

Trump, por sua vez, reiterou que está disposto a usar “todo o potencial militar americano” para eliminar as rotas de tráfico e os líderes dos cartéis, classificando grupos como Sinaloa e Tren de Aragua como organizações terroristas por decreto presidencial.


Impacto regional e novas tensões hemisféricas

Analistas avaliam que a mobilização militar americana pode elevar a tensão na América Latina, especialmente entre países que mantêm políticas antidrogas autônomas e resistem à presença armada dos EUA na região. Especialistas também apontam que a ofensiva marca uma nova fase da política externa norte-americana, com foco no uso direto de poder militar para conter o narcotráfico transnacional.



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