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Foto: Agência Brasil - divulgação |
Por André Guterres - com informações da Agência Einstein
O Rio Grande do Sul, tradicionalmente protegido pelas baixas temperaturas, agora enfrenta uma crescente epidemia de dengue. Até 8 de maio, o estado já registrava 15.643 casos confirmados e oito mortes. O clima mais quente e invernos menos rigorosos criaram um ambiente ideal para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus.
O índice de transmissão ultrapassa 2,08, o que indica uma expansão rápida, comparável ao ritmo observado no início da pandemia de Covid-19. Atualmente, 474 municípios gaúchos estão infestados, dois a mais que em 2024. Especialistas alertam que mudanças climáticas, urbanização desordenada e falhas de infraestrutura estão redesenhando o mapa da dengue no Brasil.
De acordo com a epidemiologista Cláudia Codeço, da Fiocruz, regiões antes consideradas protegidas agora enfrentam surtos em todas as estações, devido a invernos amenos e primaveras mais precoces. Esse novo padrão favorece a manutenção do ciclo do vírus durante o ano todo.
O cenário nacional também é preocupante: mais de 1,7 milhão de casos suspeitos foram registrados em 2025 até abril, com aumento de quase 30% em relação ao ano anterior. Estudos apontam que o aquecimento global pode ser responsável por até 19% das infecções de dengue no mundo. No Brasil, estima-se que metade dos municípios enfrentará risco elevado da doença até 2030.
Apesar dos desafios, o combate à dengue avança com novas estratégias. A vacina Qdenga, com mais de 80% de eficácia, está disponível para faixas etárias específicas, enquanto o projeto Wolbachia,que torna o mosquito incapaz de transmitir o vírus, já apresenta bons resultados em cidades como Niterói.
Para conter o avanço da dengue, especialistas defendem ações integradas que envolvam vacinação, educação, saneamento e infraestrutura urbana. O controle do vetor e o fortalecimento da rede de saúde são essenciais, especialmente em regiões que nunca haviam enfrentado epidemias tão intensas.
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