Novembro Azul: Um mês dedicado à saúde do homem





Diagnóstico precoce pode curar em até 90% dos casos de Câncer de Próstata



Por Daniela Pereira - Foto: Vitor Abdala/Agência Brasil

O calendário da saúde ganha cores ao longo do ano e após falarmos de câncer de mama em mulheres, no outubro rosa, emendamos na temática da doença para alertar os homens. 

O “Novembro Azul” é conhecido internacionalmente por ser um mês de conscientização sobre o câncer de próstata. A campanha nasceu na Austrália com a hashtag #movember (que é uma mistura de Moustache + November), onde os homens deixavam bigodes crescerem, com o objetivo de conscientizar sobre a saúde do homem em geral. Isso porque as mulheres, tradicionalmente, vão mais ao médico e têm melhor cuidado com a saúde, até porque são acostumadas a consultarem-se desde cedo com seu ginecologista. Elas vivem mais do que os homens em quase todo o mundo. No Brasil, a expectativa de vida dos homens é de 72,5 anos, enquanto para as mulheres é de 79,6 anos, conforme dados da tábua de mortalidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Muitas vezes quem leva o homem para atendimento médico é sua mulher, mãe ou filha. O novembro azul deve servir também para lembrar que o homem precisa assumir um papel de protagonista nos cuidados com a sua saúde, tanto durante o mês de novembro, assim como no restante do ano”, alerta o médico urologista de Porto Alegre, RS, Dr. Lucas Burttet.

Dados do INCA, Instituto Nacional de Câncer, apontam que no Brasil o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens – atrás apenas do câncer de pele, e para este ano as estimativas assustam: “Em 2019 estima-se 68.220 novos casos de câncer de próstata, assim como no ano anterior, 2018”, diz informe do INCA. Sabe-se que com o diagnóstico precoce do câncer de próstata a chance de cura é maior de 90%. “Informações como estas devem ser divulgadas à população, já que o câncer de próstata não apresenta sintomas no início e há tratamento curativo na grande maioria dos casos, quando o diagnóstico é precoce, com possibilidade de redução de sofrimento e mortes pela doença”, enfatiza o especialista. 

O médico complementa que é importante reforçar que, assim como qualquer exame, o PSA e toque retal podem gerar riscos por levar a possíveis testes e tratamentos desnecessários. “A indicação deve ser realizada de acordo com a idade e riscos de cada paciente, deve-se individualizar também a frequência de realização de exames”, explica Dr. Lucas. Além disso, alguns casos de câncer de próstata são classificados como de baixo risco de progressão e aparecimento de metástases. Nestes casos, identificados através de vários critérios, a primeira opção de tratamento pode ser a observação ou vigilância ativa. Esta estratégia significa não submeter o paciente a cirurgia, radioterapia ou outro tratamento inicialmente - pois a doença tem mínima chance de gerar problemas ao paciente - e realizar exames periódicos para certificar que não há evolução da doença.

O câncer de próstata também é considerado uma doença da terceira idade, já que mais de 70% dos casos ocorrem depois dos 65 anos. Mas a neoplasia pode aparecer em pacientes mais jovens, principalmente se tiverem história de familiares de primeiro grau com este diagnóstico. “A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino responsável pela secreção de substâncias que constituem o sêmen, podem desenvolver-se doenças benignas, como a HPB – Hiperplasia Prostática Benigna – ou ainda o câncer”, é o que conta o urologista.

É recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia que os homens a partir dos 50 anos procurem um médico urologista para saberem dos riscos e benefícios de fazerem os exames de rastreamento (o exame de sangue PSA e o exame de toque, quando necessário). Pacientes de descendência negra, obesos ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem ser avaliados aos 45 anos.

Os principais fatores de risco para desenvolver a doença são: idade, obesidade, níveis elevados de gorduras no sangue – como colesterol e triglicérides, consumo exagerado de alimentos gordurosos e predisposição genética.

Além disso, tão ou mais importante que o câncer de próstata, é estimular os homens ao autocuidado, realização de exercícios físicos, alimentação adequada, cessação de tabagismo, prevenção à depressão, doenças cardíacas e infecciosas ou outros tipos de câncer.


Cirurgia robótica para Câncer de Próstata - Prostatectomia Radical

A cirurgia pode ser o tratamento de escolha quando o câncer de próstata está localizado e é considerado "clinicamente significativo". A prostatectomia radical também pode fazer parte de um tratamento chamado de "multi-modal", quando o tumor é mais agressivo e geralmente requer a realização de radioterapia e tratamento medicamentoso, além da cirurgia.

O sistema robótico proporciona ampliação da imagem e uma visão 3D dos campos operatórios, o que permite total controle do procedimento. Desta forma ela pode facilitar a preservação dos vasos sanguíneos e nervos essenciais para as funções do organismo, como o controle da urina e a ereção", explica o Dr. Lucas Burttet. Apesar da visível melhora técnica que o robô permite, muitos estudos científicos identificaram que é possível obter resultados de continência e potência sexual semelhantes com a cirurgia convencional (aberta). 

“Por outro lado a robótica consistentemente apresenta melhores resultados com relação à recuperação pós operatória, retorno às atividades, controle da dor, menor sangramento e melhor cicatrização da ‘costura’ da uretra com a bexiga, com redução da incidência de problemas nesta localização”, finaliza Dr. Lucas Burttet, médico urologista de Porto Alegre, RS.


“Exercício é medicamento contra o câncer”, diz coalizão global

"Quantos dias durante a semana passada você realizou atividade física em que seu coração bateu mais rápido e sua respiração ficou mais difícil do que o normal por 30 minutos ou mais?"

Uma coalizão global de 40 líderes de 17 organizações, liderada pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM), traz prescrições de exercícios como um padrão de tratamento para todos os pacientes oncológicos apropriados, onde a atividade física “deve se tornar um sinal vital, semelhante à pressão sanguínea, registrada em cada visita do paciente, argumentam os autores”.

A maioria das pessoas que vivem com e além do câncer não é regularmente fisicamente ativa, diz a equipe.

O novo relatório foi publicado em 16 de outubro no CA: A Cancer Journal for Clinicians. "É hora de falar com uma só voz; é hora de uma mudança de paradigma no tratamento do câncer". Desde a última mesa redonda do ACSM em 2010, foram publicados mais de 2500 ensaios clínicos randomizados e controlados sobre o câncer. Estes foram acompanhados por pedidos de "exercício como medicamento" da National Comprehensive Cancer Network, do American College of Surgeons, da American Society of Clinical Oncology, da Exercise and Sports Science Australia (ESSA) e de outras organizações.


As novas recomendações representam a primeira chamada global à ação sobre o exercício do câncer, envolvendo organizações com participação no câncer e / ou exercício, incluindo: os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças e Instituto Nacional do Câncer, Macmillan Cancer Support do Reino Unido, Macmillan Cancer Support do Reino Unido, Sociedade Canadense para Fisiologia do Exercício , ESSA, Sociedade Real Holandesa de Fisioterapia e União Alemã para Exercícios de Saúde e Terapia por Exercício.



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