O desafio e o descaso das ferrovias no Rio Grande do Sul

 


De 3.8 mil kms em 1997 a malha tem hoje 800 kms quando existe demanda econômica suficiente para destravar investimentos no setor



Transformar a malha ferroviária em uma alternativa real de transporte no Rio Grande do Sul depende de uma combinação concreta de planejamento, segurança jurídica e decisão política. Esta foi a conclusão de dois especialistas em logística e infraestrutura que debateram o tema no Tá na Mesa, da FEDERASUL desta quarta-feira, 03. São eles, o presidente do Sindicato os Ferroviários do Rio Grande do Sul (Sindifergs), João Edacir Calegari e o diretor-presidente do Tecon Rio Grande, Paulo Bertinetti.

Os convidados, assim como o presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, acreditam que o estado reúne demanda econômica suficiente, especialmente do agronegócio, da indústria e do comércio exterior, mas ainda não conseguiu criar um ambiente atrativo ao capital privado capaz de destravar investimentos ferroviários. “Precisamos de políticas de estado que se preocupem com a logística para que nossa indústria possa crescer”, afirmou o diretor-presidente do Tecon Rio Grande.

Eles lamentam que há 30 anos o RS venha sofrendo prejuízos financeiros por conta de um modelo de concessão pouco eficaz concentrado na empresa Rumo Logística. Lembram que em 1997 o Rio Grande do Sul tinha 3.800 quilômetros de ferrovias. No ano passado, após as enchentes eram cerca de 1.6 mil quilômetros e atualmente são menos de 800 quilômetros de ferrovias. Além disso, a malha não está integrada ao resto do país, impedindo a continuidade do uso deste modal.


Modelagem mal-feita


O presidente da FEDERASUL argumentou que a entidade acredita que as concessões são boas ferramentas, entretanto quando a modelagem é mal-feita traz desvantagens imensas para o estado. Rodrigo Sousa Costa lembrou que o comportamento da Rumo, inclusive levando parte dos trilhos do Rio Grande do Sul para outros estados é inaceitável. “Precisamos enfrentar esse desafio. Os estados do sul precisam se integrar ao resto do país. O RS não vai se reerguer se não mudar esse comportamento e qualificar sua competitividade”, argumentou ao acrescentar que com planejamento integrado, ambiente regulatório estável e articulação entre poder público e iniciativa privada, o RS pode transformar a ferrovia em um eixo estratégico de competitividade e desenvolvimento sustentável.


Mobilização

João Edacir Calegari defendeu a mobilização dos gaúchos em defesa da retomada da malha ferroviária do estado. Disse que o Rio Grande do Sul utiliza ferrovias muito menos do que poderia. Para mudar esse cenário defendeu que os órgãos de fiscalização do governo federal não renovem o contrato de concessão com a empresa Rumo e que façam um novo edital exigindo investimentos com prazos determinados.


Ganhos de eficiência

Para o diretor-presidente do Tecon, a retomada das ferrovias representará a ampliação da rede logística gaúcha com ganhos em eficiência, melhor aproveitamento das estradas com menos custos logísticos, redução de emissão de CO2 e aumento na competitividade dos produtos gaúchos.





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