Aconteceu em Cachoeirinha nesta sexta-feira (05), duas reuniões com a presença do Ministro Paulo Pimenta, designado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva para ser o responsável pelas políticas federais de ajuda e reconstrução do Rio Grande do Sul. As reuniões ocorreram sem a presença do prefeito Cristian ou de representantes da prefeitura, que não foram convidados para tais atos.
No melhor estilo da propaganda ideológica, foram reuniões regadas a muito discurso, dados duvidosos e críticas a adversários políticos. De concreto? De auxílio à população? Nada!
O fato curioso é a assessoria de um Ministro de Estado (que com certeza será candidato a governador em 2026), se prestar a agendar reuniões com o Comitê Gestor da Bacia do Rio Gravataí, do Coletivo Mato do Júlio e do Movimento Pró-Dique, que é um dos grupos criados por moradores das áreas atingidas, que entre alguns de seus integrantes, há apoiadores ao pré-candidato de Pimenta à prefeitura, mas não convidar nem o prefeito, nem o vice-prefeito, nem sequer a coordenação da Defesa Civil municipal. E sabem por quê? Porque a reunião não tinha objetivo prático de ajudar a cidade e sim estabelecer um palanque político.
Conforme divulgado nos sites O Repórter e Seguinte, foi informado que Cachoeirinha já teria recebido R$ 232 milhões por meio de antecipação de benefícios, recursos diretos aos cidadãos, financiamentos, entre outras ações.
Dar 5 mil reais para pouco mais de 1.600 pessoas, sendo que mais de 5.000 se inscreveram, antecipar o pagamento do Bolsa Família, que não são parcelas extras, é ANTECIPAÇÃO, oferecer financiamento para empresários, que TERÃO DE PAGAR para recompor o que perderam, NÃO É AJUDA, é só mero discurso. Então esses "R$ 232 milhões de ajuda" para a cidade não passam de um engodo, de um circo onde os cidadãos são os palhaços.
Outro fato que confirma o efeito teatral dessas ações está no próprio comunicado divulgado pela assessoria para a imprensa, e reproduzido pelo ácido jornalista Rafael Martinelli do site Seguinte, exposto abaixo:
"...O Ministro Pimenta informou sobre os mais de R$ 232 milhões já recebidos pela cidade, por antecipação de benefícios, recursos diretos aos cidadãos, financiamentos entre outras ações.
Além disso, reforçou a necessidade da inclusão do município em uma ação ampla de proteção às cidades da região e se colocou à disposição para articular uma reunião de trabalho..."
O Ministro vem a Cachoeirinha, não avisa a Prefeitura, faz duas reuniões com moradores e entidades e se coloca à disposição para articular "uma reunião de trabalho". Vou usar a analogia feita pelo jornalista André Boeira em um grupo de WhatsApp da cidade: "Um estranho vai na tua casa, convida teus vizinhos para uma reunião, mas não te avisa de nada." Isso só confirma que o objetivo da visita foi muito mais político do que de ajuda de fato à população.
Me parece que essas reuniões tiveram o objetivo de tentar apagar a imagem negativa dos vídeos divulgados nas redes sociais recentemente, onde o pré-candidato a prefeito apoiado pelo Ministro é vaiado ao chegar perto da casa de bombas, quando seus assessores tentavam gravar um vídeo da sua visita ao local, e os moradores o colocaram para correr sob vaias. Esses atos são pura e simples pirotecnia para aliviar a barra do pré-candidato do Ministro (que estava a tiracolo com ele) junto à comunidade das áreas atingidas pelas inundações.
Mais um ponto interessante dessa tragédia, que parece ser baseada em algum livro de Dostoiévski, também está no comunicado liberado à imprensa:
"O Movimento Pró-Dique fez a entrega de uma carta que reivindica ações urgentes dos governos estadual e federal, especialmente do governo municipal, que não tem dialogado com a população. Além disso, a aplicação dos recursos em obras e ações que evitem novos alagamentos, com obras de prevenção, além de questões relacionadas aos imóveis, visto que já foram liberados mais de 232 milhões de reais para os cofres públicos de Cachoeirinha.
Sendo assim, o Movimento Pró-Dique, parece que está com acesso bem privilegiado de informações, visto que já cobra investimentos dos tais R$ 232 milhões de reais, que ninguém viu chegar nos cofres municipais e que só foram divulgados hoje, mas estava em sua "carta de reivindicações".
Então, dizer que Cachoeirinha recebeu R$ 232 milhões de ajuda do Governo Federal não passa de uma completa cortina de fumaça para fins de propaganda e manipular o eleitorado da cidade, que está sendo desrespeitado com essas ações, principalmente os mais de 31 mil cachoeirinhenses que deram o seu voto ao atual presidente na eleição de 2022.
Agora, o Governo Federal fica na obrigação de dizer quando foram depositados os tais R$ 232 milhões na conta da prefeitura. Mas nada que um pedido de informações no portal da transparência da União não solucione, o problema é ter essas informações antes da eleição de outubro.
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