Do AVC ao reencontro: Jair Santos visita equipe do Hospital Dom João Becker

Era terça-feira de Carnaval, período em que a alegria, a música e a confraternização tomam conta de todo o país. Os primeiros raios de sol começavam a entrar em casa quando Jair Santos, ao se levantar e realizar a higiene pessoal, começou a sentir uma intensa queimação nos lábios. A partir desse instante, ele e sua família enfrentariam momentos nos quais o fator tempo seria primordial para a sua sobrevivência. Jair estava sofrendo um acidente vascular cerebral isquêmico de alta gravidade e precisava de ajuda imediata.

Junto à queimação, surgiram tontura e dificuldade de fala para pedir ajuda. Jair tentou se apoiar na pia da cozinha, mas sem conseguir. Eram 6h20 da manhã e algo precisava ser feito. Ao acordar subitamente, sua esposa, Isaura, gritou para a filha Daiana, enquanto tentava amparar o marido, já desfalecendo. Tudo precisava ser rápido!

Em dez minutos, a ambulância do município de Glorinha atendeu o chamado e chegou para levar Jair ao Hospital Dom João Becker, estrutura hospitalar de referência no atendimento do AVC, na cidade vizinha de Gravataí. “O momento mais tenso foi o deslocamento até o hospital. Mesmo que a ambulância tenha feito o trajeto muito rápido, para nós parecia uma eternidade, uma angústia”, relata Daiana.

Eram 7h30 quando, ao chegar à emergência do Becker, Jair foi acolhido pelo Dr. Filipe Valvassori, médico emergencista. Conhecedor dos protocolos internacionais promovidos pela Angels Initiative (o Becker detém padrão ouro no cuidado ao AVC), Filipe sabia exatamente como agir. Rapidamente solicitou os exames, pois cada minuto seria crucial para o desfecho do caso.

Após a investigação, veio o diagnóstico: AVC de artéria basilar, um dos tipos mais críticos, capaz de levar ao coma ou ao óbito se não houver ação imediata. “Esse tipo de AVC, quando não tratado rapidamente, costuma ter um prognóstico muito reservado. Sem a trombólise (procedimento de desobstrução da artéria) no momento certo, a chance de recuperação completa seria mínima”, explica o neurologista Diógenes Zan, coordenador da equipe multidisciplinar de combate ao AVC do Dom João Becker e líder do IMCELER. Com a equipe de neurologistas já em ação, foi possível recanalizar a artéria e garantir a irrigação sanguínea adequada ao cérebro.

EM QUATRO HORAS, O DESFECHO FELIZ

Daiana lembra do momento em que recebeu a melhor notícia possível. Às 11h30 da manhã, ela e a mãe foram conduzidas à sala vermelha, onde reencontraram seu Jair da maneira mais surpreendente e saudável possível. “Meu pai estava completamente normal, como se não tivesse acabado de sofrer um AVC gravíssimo. Ele conversava normalmente, mexia braços e pernas e até brincava com os médicos e os enfermeiros. Ou seja, em apenas quatro horas ele estava estável e nem parecia ter passado por tudo o que passou, quase vindo a óbito”, comemora a filha. Em nome da família, Daiana agradece pelo atendimento recebido, desde o primeiro momento. “Cada um, com sua função, contribuiu diretamente no atendimento e tratamento nesse exemplo positivo que foi o do meu pai. Além capacidade técnica, todos foram muito humanos e isso fez a diferença”, complementa.

Hoje, seu Jair vive uma rotina normal e conta com acompanhamento médico. “Estou seguindo minha vida com cautela e realizando avaliações com o Dr. Diógenes Zan. Quanto ao meu dia a dia, procuro manter uma alimentação ainda mais saudável”, destaca. Jair, Isaura e Daiana estiveram na mais recente reunião da equipe multidisciplinar de combate do AVC do Hospital Dom João Becker para cumprimentar a todos. Foi um reencontro carregado de emoção. “Quero agradecer de coração a quem se envolveu no meu caso. Minha eterna gratidão”, destacou o paciente durante a visita aos médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e demais membros da equipe.

GRAVATAÍ É “CIDADE ANGELS”

O Hospital Dom João Becker é uma das unidades hospitalares brasileiras a possuir a certificação ouro da WSO Angels Awards, iniciativa de padrão internacional. Gravataí também é uma das primeiras “Cidades Angels” do Brasil na promoção de cuidados do acidente vascular cerebral. É o segundo município no Estado e um dos 27 no mundo a obter esse reconhecimento. “O caso do seu Jair só comprova que, se tivermos protocolos padronizados e equipe qualificada e humanizada, tanto no hospital quanto nas demais estruturas de pronto atendimento, poderemos replicar desfechos como este”, avalia o diretor médico do Dom João Becker, Fernando Issa.